100de-graus e o bailado do terror
O negrume da noite descia lentamente na sala quando se ouviram os primeiros gritos. A luz das velas teimava em afugentar as trevas, mas não havia como fugir ao tremendo destino. Por mais que se tentasse avistar uma saída, os olhares fixavam-se na cortina negra, sombria e misteriosa. De repente, uma pequena brecha de luz dourada, melíflua, ilumina os felizardos instalados na primeira fila.
Os primeiros acordes da música soam num rompante, inflamando o ambiente de uma estética sonora estranha, como se a terra os engolisse, e nem os gritos ou assobios de suspense, pudessem ser ouvidos. A cortina corre totalmente e aparecem as misteriosas figuras negras simulando um bailado misterioso. Agora sim. O silêncio é total. As figuras movimentam-se, mas as luzes atrapalham o discernimento dos seus gestos. O som fixa cada vez mais os observadores que, agora, são quase que obrigados a concentrarem-se na experiência. Contudo, tudo muda num rompante, quando uma enorme explosão de cor e som insurge-se como um tónico apaziguador junto do público, fazendo-o gritar de alegria. As capas escuras caem e aparecem os 100de-graus, numa frenética e alegre dança colorida. Fitas POI, lutas de espadas, saltos, etc., foram alguns dos grandes momentos apresentados pelo grupo nesta comemoração do Halloween promovida pela A.D.C.L. dirigida às crianças e jovens residentes na freguesia de S. Torcato. Mas o fim aproxima-se, e as cortinas fecham o palco, enquanto a música desaparece imperceptivelmente. Tudo acaba quando se acende a luz, e uma salva de palmas invade o local, afugentado todos os monstros e bruxos que espreitam o momento certo de fazer as suas vítimas.